9 de mar. de 2014

A verdade sobre as mentiras

Não, não vou falar sobre o Dr. House.

Psicólogos e cientistas são unânimes em afirmar: todo mundo mente. Eu, você, todo mundo. E é verdade (sem trocadilhos).

A namorada que pergunta ao namorado se está gorda, ou bonita, ou bem vestida; caso o namorado não concorde, que dirá? a verdade, meia verdade ou a mentira?

Quando você está com algum problema ou dificuldade, e encontra um amigo ou conhecido na rua; e ele pergunta se está tudo bem, o que você responde?

Que está tudo bem?  É mentira...

Desde crianças somos ensinados que pequenas mentiras, mentiras sociais, são aceitáveis, até necessárias.

Mandar dizer que não está. Dizer que está de saída. Comer algo que não gosta para não desagradar o anfitrião. Fingir gostar de um presente no amigo secreto. Dizer que algo é lindo, ou "muito bonito" ao criador de alguma peça ou obra que achamos horrível. Que houve um empecilho qualquer que te impediu de pagar aquela conta, mas na verdade você não tinha o dinheiro.

Kant, na "Crítica da Razão Prática"  toca nesse ponto nevrálgico. Muito ético, não admitia a mentira, mentir é algo que não deveríamos fazer aos outros, por não o desejarmos para nós. Já há 2000 anos ouvimos sobre isso.

Um amigo é perseguido. Sabemos onde ele está e ao sermos questionados sobre seu paradeiro por seu perseguidor, devemos dizer a verdade, pois isto é o correto a fazer. Em tese é perfeito, mas na prática...

Se você estiver numa loja, por exemplo, e um ladrão ou assassino esconder-se logo atrás de você, que você fará?

Dirá a verdade à polícia, arriscando-se a levar um tiro, ou deixará um criminoso livre?

Quando alguém conhecido mente para nós, se conhecemos bem a pessoa, fica mais fácil diferenciar seu comportamento na verdade e na mentira.

Existem estudos que demonstram que o corpo não acompanha o que a boca diz, e vários sinais podem ser percebidos, se observados com atenção. As expressões faciais de um mentiroso dificilmente coincidem com a voz, ou com os gestos, ou com as respostas dadas.

Segundo o pesquisador Gerald Jellison, da Universidade do Sul da Califórnia, todo mundo mente e várias vezes ao dia. De acordo com o pesquisador, até mesmo os que se dizem muito sinceros, soltam uma mentira a cada oito minutos.

Isso ocorre geralmente porque as pessoas buscam desculpas para comportamentos que outros poderiam julgar inadequados, como chegar atrasado ao trabalho, por exemplo. Ainda segundo Jellison, os grandes mentirosos são os que tem muitos contatos sociais, como vendedores, advogados, psicólogos e até jornalistas.

Eu menti, e hoje sei que foi um mecanismo de sobrevivência, precisei durante muito tempo mostrar-me forte -sendo o mais fraco dos fracos. Mas admitir essa fraqueza, embora tivesse sido honesto e provavelmente aliviador, naqueles momentos significaria (para meu inconsciente) o risco de perder relacionamentos preciosos, vitais mesmo. 

Mas certamente continuarei mentindo nas pequenas esquinas da vida, como você também.
 
Uma coisa porém é certa, como diz a música dos Voluntários da Pátria: O homem mente, é verdade.


Verdades e Mentiras - Voluntários da Pátria





Rolam as pedras

Não pretendo contar o que é o cálculo renal, as causas de sua formação,etc.

A internet está abarrotada desse tipo de informação médica. Quero falar da inesquecível experiência em si, e agora que terminei, não sei exatamente que utilidade terá para a Humanidade.

Dizem que é uma dor só comparável à do parto. Por razões óbvias nunca terei elementos para confirmar, mas, como mulheres também carregam suas pedrinhas, deve ser verdade. Embora, depois de ter experimentado a angina e o pre-infarto, coloquei-a em segundo lugar..


Ela não tem hora para vir, te esmaga em qualquer lugar, em qualquer dia, a qualquer momento. Não fica muito tempo, 30 a 40 minutos geralmente, mas nesses minutos você tem a perfeita noção do que é eternidade.



Se for apenas uma movimentação e acomodação do cálculo em alguma parte do rim, serão apenas alguns partos. Mas se a pedrita resolver conhecer o mundo exterior, você vai saber o que é "viajar no balão" por dias ou meses até o abençoado momento em que você ouve o que parece um grande sino, mas é aquele "plim" na cerâmica do vaso, enquanto quase perde os sentidos e a noção de tempo-espaço. 

 


Será que Einstein sofria com cálculos renais?









 

Sempre acabamos conhecendo nosso "semelhantes" em dor, seja em consultórios de urologistas, nas conversas esporádicas quando não se tem do que falar; amigos, parentes, celebridades. É quase uma honra saber que tanta gente passou por isso também.




Infelizmente acabei de lembrar uma palavra: litotripsia. Para quem nunca teve o prazer, explico como é. Um aparelho de ultrassom é usado para enviar ondas de choque para dentro do rim, na tentativa de quebrar o cálculo e assim facilitar sua saída. Eu fiz. Uma. E chega, prefiro a pedra.

A tal onda de choque, chocou tudo o que existia entre meu rim esquerdo e o pulmão direito. fiquei com as costas roxas, botei sangue pela boca uns três dias, enfim, me quebrei todo, mas a pedra continuou lá, vitoriosa, e o pior, ainda causando cólicas.


Achei o exame exagerado. Às vezes penso que foi vingança dos médicos. Explico. 


Mas que parece, parece...
Tenho algum problema com anestesia (quem não tem?) e acho que meu inconsciente é imune a ela, e ao ver-me capotado, toma conta da situação. Talvez ter dito que meu urologista tinha cara de esquilo, e que o anestesista, apesar de ter vindo em mangas de camisa, e ninguém dar dez centavos por ele, até que era um bom médico, bem... Não sei,o quanto esses profissionais são suscetíveis. De qualquer forma, litotripsia no more.

Dos três cálculos que produzi, um permanece comigo há mais de 4 anos, é quase amor, daqueles de música sertaneja: de repente a gente briga, ela diz que vai embora, me faz sangrar, me põe no chão; depois muda de ideia e fica, e tudo volta ao normal. 

É o amorrr......