23 de jan. de 2014

De médico eu não sei, mas de louco...



Se um dia eu pudesse ver...

Das coisas que tenho vivido e das que vi viverem, a mais difícil que conheci, a mais temida, não é materialmente palpável, você não pega, não toca; apenas sente, e muito. Para o bem e para o mal. A situação mais difícil de se enfrentar é o olhar para dentro de si, o ver-se.

Mas ver-se com sinceridade, honestidade e coragem, pronto a enfrentar as coisas ruins que irá certamente encontrar. É preciso um enorme esforço para ultrapassar a forma como nos vemos. É clássico o conceito de que existem três imagens a nosso respeito:

 a)como nos vemos;
 b)como achamos que os outros nos vêem;
 c)como somos vistos.


 O como nos vemos é a maior barreira para o ver-se verdadeiramente; quando nos olhamos ao espelho a avaliação que nos vêm à mente é produzida pelo nosso inconsciente, mas de uma maneira protetora, generosa. Então temos à nossa frente a vaidade exagerada, o auto-elogio excessivo, a soberba.

 Também pode dar-se o contrário, e temos uma avaliação extremamente negative do que vemos, enxergamos defeitos que não tem a dimensão vista, ou mesmo não existem.

 E quem faz isso é o inconsciente, ou subconsciente se preferir. Ele é a parte de nós que não aparece explicitamente, que fala em nós e através de nós de outras maneiras, subjetivas, gestuais, escondidas pelos cantos do que falamos e fazemos.



Meu passado inteiro...

 A psicologia tem esse papel importante de ajudar o indivíduo a descobrir e desvendar os sinais que o subsconsciente dá sem que o indivíduo perceba, mas que são como que uma segunda voz falando em nós silenciosamente, e via de regra, de forma contrária.

 Com algum treino e técnica, podemos fazer isso sozinhos, tendo apenas o apoio do terapeuta na interpretação mais profunda dos sinais que localizamos. É uma experiência fantástica, maravilhosa, horripilante, e que vai mudar para sempre a forma de viver de quem a vivencia.

O inconsciente é como que um outro ser dentro de nós, o espaço da nossa mente onde guardamos as sensações que experimentamos nas experiências boas e ruins que vivenciamos durante toda a vida. Há coisas das quais não temos a menor lembrança, mas elas estão lá, bem guardadas, registradas.



 E fizesse parar de chover...

Ele é como um salão subterrâneo dentro da nossa casa mental, um porão onde guardamos as coisas que acumulamos durante a vida. É como um pai super-protetor que não mede esforços para nos proteger do que ele avalia como sendo prejudicial à nossa sobrevivência mental e física.

Todas as nossas experiências passam pelo crivo desse pai, e  quando sofremos ele "marca" essa lembrança como negativa e dali para frente a cada vez que ele perceba que algo semelhante está acontecendo, vai acionar mecanismos de defesa dos mais variados.

A situação mais comum é descobrirmos que o que nos prejudica, nos faz sentir dores emocionais, são experiências vividas na infância, já que é a fase em que a personalidade está a desenvolver-se, e como os critérios de avaliação e julgamento ainda são poucos ou inexistentes, a lógica infantil toma decisões erradas, e registra dores e perdas vividas de uma maneira equivocada.

Sem se dar conta, essas avaliações ficam sedimentadas dentro do ser, em sua memória subconsciente, e a cada vez que uma situação for avaliada como perigosa, como uma possibilidade de repetição daquilo que foi "marcado" como provocador de dor emocional, entra em ação o mecanismo de defesa, provavelmente muito parecido ao que o indivíduo usou quando sentiu essa dor pela primeira vez.




Nos primeiros erros...

O que nem o consciente, nem o inconsciente percebem, é que em muitas situações (na  grande parte das vezes) a situação que acontece no presente não tem mais ligação com o que a pessoa vivenciou no passado, e a reação colocada em prática, em vez de aliviar uma dor, faz essa dor aumentar sem causa ou explicação aparente.  O subconsciente engana-se, não consegue perceber que não é mais a situação de origem que está acontecendo e tenta proteger, causando na verdade, um obstáculo por vezes enorme a se transpor.

Quando o indivíduo consegue adentrar esse quarto escuro e enfrentar corajosamente as recordações que se apresentarão a seus olhos, e reinterpretando, ressignificando esses fatos; mostrando ao subconsciente que aquele fato já ocorreu e não está mais a repetir-se, o perigo já não existe mais. Pois bem, quando isso é conseguido, todas as consequênias que esse erro de interpretação tiveram na vida da pessoa mudam de significado, e ela consegue olhar-se de uma maneira que até então não conseguia.



O meu corpo viraria Sol...

A partir daí esse "alarme" deixará de disparar e conseguimos ter outra avaliação da situação e por conseguinte uma outra reação e solução, mais racional e coerente, menos dolorosa.

Eliminados os fantasmas que nós mesmos colocamos em nosso subconsciente, teremos uma plenitude de vida ou uma experiência muito mais próxima dela.



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